Como enfrentar a tristeza? Como
superar a frustração?
Não é preciso escrever um livro sobre o seu sofrimento, mas é necessário
aprender a vivenciá-lo e superá-lo. Na verdade, no decorrer da vida, vamos
passando por “pequenos sentimentos de lutos”,
o luto pelo sorvete que derrubamos na infância e ficamos olhando pro nada e
sentindo o mundo acabar alí, a camisa que acidentalmente queimamos às vésperas de sair
para uma festa importante, o fim de um relacionamento ou a perda de um emprego, por exemplo. Todos estes
“lutos” são perdas, ritos de passagem, que nos obrigam na maioria das vezes
mudar de faixa, trocar a marcha...enfim, servem para gerar novas
aprendizagens sobre nós mesmos,
sobre como “lidar”, são exercícios de maturidade e muitas vezes
divisores de rumos em nossa vida. Um emprego novo, mas distante,
fará abrirmos mão de relacionamentos, amigos, família...mas trará novas
possibilidades de vivências. É a velha balança entre o bônus e o ônus . A forma como lidamos com estas situações, demonstram
nossa estabilidade emocional. Nos preparar emocionalmente para a perda de entes
queridos, pelo seu natural envelhecimento, entendendo que este é o ciclo natural da vida
e não nos tomarmos de “surpresa” com as decorrências da idade cronológica
destes, é um sinal de maturidade emocional e sobre como lidamos com as questões de lutos.
Medo e dificuldade em lidar com a morte? Sim...só os nossos velhos e
sábios espiritualizados nos darão verdadeiras aulas acadêmicas de como lidar
com a misteriosa sequência natural da vida, que é morrer. Para eles, cada dia é uma bênção, um agradecimento! E, com relação a morte em sí, a consciência de
saber que não há escolhas, a um ciclo da vida
acontecendo diariamente, abrandado por uma
intensa vida emocional e energia
espiritual, alimentada através de orações e conversas com o “eu” nas mais diferentes crenças. O luto
e nossa capacidade de administrá-lo, depende dos sentimentos envolvidos, das
expectativas nutridas. Cada um reage à
sua maneira, mais penosa ou apaziguada, às perdas. Portanto, não existe um
tempo estabelecido. Não há fases obrigatórias ou sequências de sentimentos no
luto. “Se dê o direito de sofrer, mas não morra
junto”. ( Mussak). Portanto, seja o luto
pela perda de alguém, um emprego, um relacionamento, a melhor forma de
enfrenta-lo é dividir sua angústia com
alguém. Na solidão não vislumbramos possibilidades e facilmente nos afundamos em nós mesmos. A solidariedade
e o conforto minimizam a dor, ajudam a tomarmos decisões mais práticas que
certamente deverão decorrer de qualquer
uma destas situações.
Torres de Melo dá uma dica, “Derrube a ilusão de posse em relação às coisas e às
pessoas. No luto é muito importante que se promova uma catarse de sentimentos:
chore o quanto precisar chorar, viva intensamente esse momento e compreenda o
que está sentindo, incluindo uma avaliação das emoções que gravitam no
‘entorno’ (culpa, expectativa, fantasias e arrependimentos, que não mais
poderão ser resolvidos).”
Entenda que nos “lutos” desta
vida, podemos agradecer vivências que tivemos,
aprender com os erros e trabalhar para superá-los.
Enfim, continuar intensamente
esta maravilha que é viver e seguir em frente para jamais “ morrer antes de
morrer”.
" A natureza não faz milagres; faz revelações." ( Carlos Drummond de Andrade)
( Rio Tramandaí - RS)
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