quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Será que estamos preparados para lidar com as emoções que as perdas provocam?






                    Como enfrentar  a tristeza? Como superar a frustração?

      Não é preciso escrever um livro sobre o seu sofrimento, mas é necessário aprender a vivenciá-lo e superá-lo. Na verdade, no decorrer da vida, vamos passando por “pequenos sentimentos  de lutos”, o luto pelo sorvete que derrubamos na infância e ficamos olhando pro nada e sentindo o mundo acabar alí, a camisa que  acidentalmente queimamos às vésperas de sair para uma  festa importante, o fim  de um relacionamento ou a  perda de um emprego, por exemplo. Todos estes “lutos” são perdas, ritos de passagem, que nos obrigam na maioria das vezes mudar de faixa, trocar a marcha...enfim, servem para gerar  novas  aprendizagens sobre nós mesmos,  sobre como “lidar”, são exercícios de maturidade e muitas vezes divisores de rumos em nossa vida. Um emprego novo, mas  distante,  fará abrirmos mão de relacionamentos, amigos, família...mas trará novas possibilidades de vivências. É a  velha  balança entre o bônus e o ônus .  A forma como lidamos com estas situações, demonstram nossa estabilidade emocional. Nos preparar emocionalmente para a perda de entes queridos, pelo seu natural envelhecimento,  entendendo que este é o ciclo natural da vida e não nos tomarmos de “surpresa” com as decorrências da idade cronológica destes, é um sinal de maturidade emocional e sobre como lidamos com as  questões de lutos.

Medo e dificuldade em lidar com a morte? Sim...só os nossos velhos e sábios espiritualizados nos darão verdadeiras aulas acadêmicas de como lidar com a misteriosa sequência natural da vida,   que é morrer.  Para eles, cada dia é uma bênção,  um agradecimento! E,  com relação a morte em sí, a consciência de saber  que  não há escolhas, a um ciclo da vida acontecendo  diariamente,  abrandado  por  uma intensa vida emocional e  energia espiritual, alimentada  através de  orações e conversas com o “eu” nas mais  diferentes crenças.  O  luto e nossa capacidade de administrá-lo, depende dos sentimentos envolvidos, das expectativas nutridas.  Cada um reage à sua maneira, mais penosa ou apaziguada, às perdas. Portanto, não existe um tempo estabelecido. Não há fases obrigatórias ou sequências de sentimentos no luto.   “Se dê o direito de sofrer, mas não morra junto”. ( Mussak).  Portanto, seja o luto pela perda de alguém, um emprego, um relacionamento, a melhor forma de enfrenta-lo é  dividir sua angústia com alguém.  Na solidão não vislumbramos  possibilidades e  facilmente nos afundamos em nós mesmos. A solidariedade e o conforto minimizam a dor, ajudam a tomarmos decisões mais práticas que certamente deverão decorrer de  qualquer uma destas situações.

 Torres de Melo  dá uma dica, “Derrube  a ilusão de posse em relação às coisas e às pessoas. No luto é muito importante que se promova uma catarse de sentimentos: chore o quanto precisar chorar, viva intensamente esse momento e compreenda o que está sentindo, incluindo uma avaliação das emoções que gravitam no ‘entorno’ (culpa, expectativa, fantasias e arrependimentos, que não mais poderão ser resolvidos).”
Entenda  que nos “lutos” desta vida, podemos agradecer vivências que tivemos,  aprender com os erros e trabalhar para  superá-los.
Enfim,  continuar intensamente esta maravilha que é viver e seguir em frente para jamais “ morrer antes de morrer”.

" A natureza não faz milagres; faz revelações." ( Carlos Drummond de Andrade)

 ( Rio Tramandaí - RS)